sexta-feira, 22 de abril de 2011

Saudade à Augusto dos Anjos

A saudade me devora
Como necrose supurenta
E mesmo a cicatriz de outrora
É um sintoma que a tal aparenta


Se apresenta tal qual implora
Ao verme que experimenta
Meu sangue frio deflora
Parasita de tez sedenta


Carnificina saudosa vanguarda
Que decompõem a epiderme parda
Adiantando meu fim, verdade


Preservai somente, me guarda
Meu espírito no fogo arda
Pois não me resta nem dignidade


Saudade à Zé Limeira

A saudade é um fosco queimado
No rabo de um roedor
A saudade é isopor
Na boca de uma criança
É preso sob fiança
É prosa de cantador


Filolomia azavessa
Estrela que cai pra cima
Uns estalim de rima
Ponto final de conversa
Uma cagada sem pressa
Um arroz doce queimado
Cururu de amor inchado
É cururua cantando
A lua do céu olhando
Um bebo desengonçado